Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
2012, entrevistou mais de cem mil adolescentes em 2.842 escolas de todo o país.
A pesquisa com estudantes do último ano do Ensino Fundamental, revela que cerca
de 15 mil já consumiram crack. Segundo estudo do IBGE, o uso de drogas ilícitas
cresceu 1,2% em três anos. Em contrapartida, caiu percentual de alunos que
experimentam cigarros. Esses percentuais estão em patamares similares aos
encontrados por pesquisas semelhantes à PeNSE, realizadas pela OMS em outros
países.
Cerca de 15 mil estudantes do nono
ano do Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas brasileiras fumaram
crack pelo menos uma vez em 2012. Os jovens têm entre 13 e 15 anos. O número de
alunos que consomem drogas cresceu 1,2% em três anos. A Pesquisa Nacional de
Saúde do Escolar, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, mostra que 7,3% dos
mais de três milhões de estudantes do nono ano já usaram algum tipo de entorpecente.
Na Europa, uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde mostrou que 17% dos
adolescentes com 15 anos já fumaram maconha. Nos Estados Unidos, este número
sobe para quase 30%.
A psiquiatra e especialista em
dependência química da ABEAD (Associação Brasileira do Estudo do Álcool e
outras Drogas), Ana Cecília Marques, afirma que os números são alarmantes. “A
mistura álcool e cocaína produz uma substância ainda mais tóxica que pode lesar
o tecido nervoso. A maconha, parte do coquetel, dificulta ainda mais o processo
de desintoxicação e recuperação. As três subiram no ranking, sinal de que
estamos perdendo a guerra. Ressalto que o impacto no cérebro do adolescente, é
imprevisível e pode gerar inúmeros problemas, bem mais graves que em um
adulto”, alerta a psiquiatra.
Enquanto o uso de drogas ilícitas
entre alunos do nono ano do Ensino Fundamental cresceu, o consumo de tabaco
apresentou queda. Os dados do IBGE revelam que o número de alunos que fumaram
pelo menos uma vez nas capitais caiu de 24%, em 2009, para 22%, em 2012. O
consumo de álcool se manteve estável, mas também é preocupante. 71% dos
adolescentes já experimentaram bebidas alcóolicas e 21% já ficaram embriagados.
A pesquisa do IBGE mostrou ainda que a forma mais comum de obter bebidas alcoólicas
é em festas e as meninas bebem mais do que os meninos. Por outro lado, eles
compram mais bebidas nos supermercados. Como a média de idade dos adolescentes
é de 14 anos, a venda de bebidas alcóolicas para os estudantes é proibida por
Lei. Outro comportamento que contraria a legislação é o hábito de dirigir. Mais
de 800 mil alunos, 27% do total, admitiram ter dirigido carros nos 30 dias
anteriores à pesquisa.
Uso de drogas ilícitas alguma vez na
vida
A PeNSE 2012 investigou o uso de
drogas ilícitas tais como: maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e
ecstasy, os dados evidenciam que 7,3% dos escolares já usaram drogas ilícitas.
Considerando as grandes regiões do país, o maior foi observado no Centro-Oeste,
9,3%. Analisando os resultados por capitais, o maior percentual foi encontrado
na capital Florianópolis (17,5%), Curitiba (14,4%) e os menores em Palmas e
Macapá (5,7% em ambas).
Considerando os escolares que usaram
drogas antes dos 13 anos de idade, o percentual para o conjunto do País foi de
2,6%, variando de 1,2%, no Nordeste, a 4,4%, no Sul.
Uso de maconha e crack
Entre os 7,3% de escolares que usaram
drogas ilícitas alguma vez na vida, o consumo atual (nos últimos 30 dias) de
maconha foi de 34,5%. Em relação ao total dos escolares, este percentual foi de
2,5%. Os estudantes residentes no Sul apresentaram maior consumo atual de
maconha (3,6%). O menor percentual foi observado no Nordeste, 0,9%.
Considerando as capitais, Florianópolis foi a que apresentou maior proporção do
consumo atual de maconha (10,1%).
Entre os 7,3% de escolares que usaram
drogas ilícitas alguma vez na vida, 6,4% usaram crack, alguma vez nos últimos
30 dias, ou 0,5% do conjunto de escolares do 9º ano.
Alguns temas da PeNSE também são
investigados em outros países. Segundo a Pesquisa de Comportamento de Saúde em
Crianças em Idade Escolar (HBSC), 17% dos adolescentes com 15 anos de idade na
Europa e América do Norte relataram uso de maconha pelo menos uma vez em suas
vidas e 8% pelo menos uma vez nos últimos trinta dias anteriores à pesquisa
(consumo recente). Nos Estados Unidos, 30% dos meninos e 26% das meninas
fumaram maconha pelo menos uma vez na vida e 16% meninos e 12% das meninas
fumaram maconha nos trinta dias que antecederam à pesquisa.
Experimentação de bebidas alcoólicas
A PeNSE 2012 inseriu uma nova questão
para medir a experimentação de uma dose de bebida (correspondendo a uma lata de
cerveja ou uma taça de vinho ou uma dose de cachaça ou uísque): Alguma vez na
vida você tomou uma dose de bebida alcoólica? Assim, o questionário ganhou
comparabilidade internacional e o indicador tornou-se mais específico.
Responderam que sim 50,3% dos escolares, variando de 56,8% no Sul a 47,3% no
Nordeste. A proporção das meninas (51,7%) foi maior que a dos meninos (48,7%).
Consumo atual de bebidas alcoólicas
O consumo atual de bebida alcoólica
entre os escolares (consumo nos últimos trinta dias), foi de 26,1% no Brasil e
não apresenta diferenças significativas entre os sexos masculino (25,2%) e
feminino (26,9%). As capitais com os maiores percentuais de escolares que
consumiram bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias foram Porto Alegre (34,6%) e
Florianópolis (34,1%) e os menores percentuais foram encontrados em Belém
(17,3%) e Fortaleza (17,4%).
Entre os escolares que consumiram bebida
alcoólica nos últimos 30 dias, a forma mais comum de obter a bebida foi em
festas (39,7%), com amigos (21,8%), ou comprando no mercado, loja, bar ou
supermercado (15,6%). Outros 10,2% dos escolares consumiram bebida alcoólica
nos últimos 30 dias na própria casa.
Episódio de embriaguez
Cabe ainda ressaltar que 21,8% dos
escolares já sofreram algum episódio de embriaguez na vida. Os da região Sul
apresentaram o maior percentual (27,4%) e os do Nordeste o menor (17,3%). A
proporção de estudantes com episódio de embriaguez foi maior nas escolas
públicas (22,5%) do que as escolas privadas (18,6%).
Com relação ao álcool, 10% dos
estudantes relataram ter tido problemas com suas famílias ou amigos, ou
faltarem às aulas ou se envolveram em brigas, porque tinham bebido. O
percentual de jovens que declararam esses problemas foi maior entre as meninas
(10,4%) do que entre os meninos (9,5%).
Cigarro e outros produtos do tabaco
Os dados da PeNSE para as capitais
brasileiras, mostraram que o número de escolares que experimentaram cigarro
alguma vez na vida, reduziu de 24,2% para 22,3%, entre 2009 e 2012. No entanto,
5,1% dos escolares haviam fumado cigarro nos últimos trinta dias. As cidades
com maiores proporções de escolares fumantes no período foram Campo Grande com
12,4% e Florianópolis com 9,7%.
Comparando os dados de 2009 e 2012, o
percentual de escolares que fizeram uso de cigarros nos últimos 30 dias
manteve-se estável, em torno de 6%. Segundo a PeNSE 2012, 29,8% dos escolares
brasileiros que frequentavam o 9º ano, informaram que pelo menos um dos
responsáveis era fumante. 89,3% dos escolares estudam em escolas que informaram
possuir política sobre proibição do uso do tabaco.
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