A polêmica
sobre o uso da maconha tem sido alvo de muita atenção pela mídia, bem como na
área científica em geral. Profissionais da saúde estão unidos contra a possível
legalização, lutando em benefício da saúde.
Destaco a
batalha da Dra. Ana Cecília Roselli Marques, psiquiatra da ABEAD (Associação
Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), em entrevista ao Jornal Folha
de S. Paulo em 01/02/2014 a Dra. Ana Cecília explicou que:
“Estudos
mostram que, além da dependência, o uso crônico produz bronquite crônica,
insuficiência respiratória, aumento do risco de doenças cardiovasculares,
câncer no sistema respiratório, diminuição da memória, ansiedade e depressão,
episódios psicóticos e de pânico e, também, um comprometimento do rendimento
acadêmico e/ou profissional. Por que optar por um caminho que oferece tantos
riscos?”
A maioria dos
usuários de maconha encontra-se no estágio da pré-contemplação, ou seja, o
usuário não encara seu uso como problemático ou causador de problemas, tampouco
considera algum tipo de mudança. Em geral, não busca tratamento
voluntariamente, e sim por causa dos pais, família, escola, trabalho ou por
encaminhamento judiciário
O indivíduo
nesse estágio acredita estar imune ás consequências adversas, por exemplo, acha
que não se tornará dependente ou que tem controle sobre o uso, sabemos que não
existe esse controle no tocante ao uso de drogas.
Uma série de
estudos indica que a potência desta droga vem aumentando e, com isso, causando
maiores prejuízos à saúde mental daqueles que a consomem.
A maconha é a
substância proibida por lei mais usada em nosso país. Cerca de 1,5 milhão de
adolescentes e adultos usam maconha diariamente no Brasil. O dado faz parte do
II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), primeira amostragem sobre
o consumo da droga no Brasil.
Segundo o
estudo, 3,4 milhões de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga no último ano
e 08 milhões já experimentaram maconha alguma vez na vida, o equivalente a 7%
da população brasileira. Desses, 62% deles tiveram contato com a droga antes
dos 18 anos e 01 em cada 10 adolescentes que usa maconha é dependente.
Estes dados
parecem sugerir que a disponibilidade da maconha esteja crescendo, inclusive
entre os jovens, que vem utilizando esta substância de forma compulsiva, apesar
dos efeitos nocivos à saúde.
A adolescência
é um período marcado por inúmeras transformações e conquistas importantes. No
entanto, fatores como o uso de drogas podem transformar o adolescente em um
adulto problemático com sequelas irreversíveis para o desenvolvimento de sua
vida futura.
O consumo de
drogas nesta fase pode trazer sérias consequências físicas e/ou psíquicas para
o desenvolvimento, como déficits cognitivos, problemas físicos, psicológicos,
envolvimento em acidentes e infrações.
O uso da
substância psicoativa faz com que o indivíduo sinta uma diminuição do perigo
relacionado ao problema a ser enfrentado.
O uso da
maconha muitas vezes começa a ser associado a várias situações pelas quais o
indivíduo passa, se ele está nervoso fuma; se está tenso fuma para relaxar, se
sente depressivo fuma, se tem um problema fuma antes de pensar em tentar
resolvê-lo e assim por diante, tornando assim cada vez mais dependente.
Os que são
favoráveis à legalização, pensam apenas na figura do usuário, mas, devemos
pensar nos motivos sociais que levam à essa proibição legal, como, por exemplo,
impedir que os efeitos do uso nocivo à saúde que causam a dependência cheguem
com mais facilidade aos nossos adolescentes.
No entanto, é
importante considerar que além do risco da dependência, da síndrome
amotivacional, dos efeitos agudos e crônicos causados pelo uso da maconha, com
a sua legalização provavelmente teremos muitos problemas parecidos com os
causados pelas drogas lícitas (aquelas permitidas pela Lei), o álcool e o
tabaco, cito como exemplo, o aumento dos acidentes de trânsito causado por
pessoas sob efeito da substância.
Vale destacar
ainda que o uso de drogas não prejudica só o dependente, é um problema que
atinge toda família, a dependência química tem um poder destruidor sobre a vida
dos familiares.
Para finalizar,
sabemos que a maconha é a porta de entrada para outras drogas, entre elas o
crack. A maconha é uma erva, mas, uma erva perigosa, que deve continuar sendo
proibida. Ao invés de criar uma possível solução, legalizar seria gerar um novo
e gravíssimo problema, legalizar jamais!
Adriana Moraes
– Psicóloga Especialista em Dependência Química - Colaboradora da UNIAD.
Referências:
[1] Integração de
competências no desempenho da atividade judiciária com usuários e dependentes
de drogas/ organização de Paulina do Carmo A. Vieira Duarte e Arthur Guerra de
Andrade. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas, 2011;
[2] Instituto
Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras
Drogas. IILENAD: Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. São Paulo: UNIFESP,
2012;
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