sexta-feira, 29 de abril de 2011

Aumenta consumo de álcool entre mulheres



De acordo com pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, o porcentual da população adulta que consome álcool em excesso passou de 16,2% em 2006 para 18% em 2010. Os homens são a maioria entre os que bebem em excesso - 26,8% em 2010, contra 25,5% em 2006. Foi entre as mulheres, no entanto, que se deu o aumento mais expressivo: a taxa passou de 8,2 para 10,6% nos quatro anos.

O ministério considerou consumo excessivo de álcool cinco ou mais doses em uma mesma ocasião em um mês para os homens e quatro às mulheres. A pesquisa foi feita em todas as capitais por meio de 54 mil entrevistas telefônicas.


Moradora de São Caetano, A.N.Q. se enquadra entre as pesquisadas que consomem quatro ou mais doses de álcool em uma semana. “É o meu momento de relaxar. Bebo em casa, com meu marido, até mesmo porque depois não precisamos dirigir. Sexta, sábado e domingo são os meus dias, quando posso abandonar temporariamente as obrigações da semana”, relatou.


A são-caetanense acredita que beber apenas aos fins de semana não prejudica a saúde nem o trabalho. “Mantenho esse hábito há cerca de dois anos. Não descuido das minhas obrigações de mãe, profissional e esposa. É apenas para descontrair”, considerou.


De acordo com Ana Cecília Marques, psiquiatra e especialista em dependência química da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), o aumento no consumo de álcool pelas mulheres tem impactos importantes nas questões de saúde pública.


“O álcool é mais danoso ao organismo feminino, devido ao metabolismo. Doenças como cirrose, hipertensão, diabete e diversos cânceres atingem primeiro as mulheres”, declarou a especialista.


“Outro ponto fundamental é o papel que a mulher representa na sociedade. Alcoolizada, não cuida dos filhos, não se previne contra gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis e ainda assume o papel de vítima potencial para violência doméstica e abuso sexual”, concluiu.


Para a socióloga da Universidade Federal do ABC, Adriana Capuano de Oliveira, as propagandas de bebida no Brasil sempre associam o consumo de álcool com festas e celebrações. “Nos anos 70, a mulher expressou a sua independência fumando. Hoje, acontece o mesmo, mas com a bebida. Ela está divorciada, com problemas, mas tudo se resolve quando toma uma cerveja. É essa a mensagem falsa das peças publicitárias”, afirmou.


Adriana ressaltou que o ato de ingerir bebidas alco­ólicas também está associado com inclusão social. “Mais uma vez, temos as propagandas que associam vinhos, vodkas e cervejas com conquista, diversão. Todos querem fazer parte disso”, frisou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário