segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pesquisa do IBGE aponta que 15 mil estudantes do Ensino Fundamental já fumaram crack

Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012, entrevistou mais de cem mil adolescentes em 2.842 escolas de todo o país. A pesquisa com estudantes do último ano do Ensino Fundamental, revela que cerca de 15 mil já consumiram crack. Segundo estudo do IBGE, o uso de drogas ilícitas cresceu 1,2% em três anos. Em contrapartida, caiu percentual de alunos que experimentam cigarros. Esses percentuais estão em patamares similares aos encontrados por pesquisas semelhantes à PeNSE, realizadas pela OMS em outros países.
Cerca de 15 mil estudantes do nono ano do Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas brasileiras fumaram crack pelo menos uma vez em 2012. Os jovens têm entre 13 e 15 anos. O número de alunos que consomem drogas cresceu 1,2% em três anos. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, mostra que 7,3% dos mais de três milhões de estudantes do nono ano já usaram algum tipo de entorpecente. Na Europa, uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde mostrou que 17% dos adolescentes com 15 anos já fumaram maconha. Nos Estados Unidos, este número sobe para quase 30%.
A psiquiatra e especialista em dependência química da ABEAD (Associação Brasileira do Estudo do Álcool e outras Drogas), Ana Cecília Marques, afirma que os números são alarmantes. “A mistura álcool e cocaína produz uma substância ainda mais tóxica que pode lesar o tecido nervoso. A maconha, parte do coquetel, dificulta ainda mais o processo de desintoxicação e recuperação. As três subiram no ranking, sinal de que estamos perdendo a guerra. Ressalto que o impacto no cérebro do adolescente, é imprevisível e pode gerar inúmeros problemas, bem mais graves que em um adulto”, alerta a psiquiatra.
Enquanto o uso de drogas ilícitas entre alunos do nono ano do Ensino Fundamental cresceu, o consumo de tabaco apresentou queda. Os dados do IBGE revelam que o número de alunos que fumaram pelo menos uma vez nas capitais caiu de 24%, em 2009, para 22%, em 2012. O consumo de álcool se manteve estável, mas também é preocupante. 71% dos adolescentes já experimentaram bebidas alcóolicas e 21% já ficaram embriagados. A pesquisa do IBGE mostrou ainda que a forma mais comum de obter bebidas alcoólicas é em festas e as meninas bebem mais do que os meninos. Por outro lado, eles compram mais bebidas nos supermercados. Como a média de idade dos adolescentes é de 14 anos, a venda de bebidas alcóolicas para os estudantes é proibida por Lei. Outro comportamento que contraria a legislação é o hábito de dirigir. Mais de 800 mil alunos, 27% do total, admitiram ter dirigido carros nos 30 dias anteriores à pesquisa.

Uso de drogas ilícitas alguma vez na vida
A PeNSE 2012 investigou o uso de drogas ilícitas tais como: maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança perfume e ecstasy, os dados evidenciam que 7,3% dos escolares já usaram drogas ilícitas. Considerando as grandes regiões do país, o maior foi observado no Centro-Oeste, 9,3%. Analisando os resultados por capitais, o maior percentual foi encontrado na capital Florianópolis (17,5%), Curitiba (14,4%) e os menores em Palmas e Macapá (5,7% em ambas).
Considerando os escolares que usaram drogas antes dos 13 anos de idade, o percentual para o conjunto do País foi de 2,6%, variando de 1,2%, no Nordeste, a 4,4%, no Sul.

Uso de maconha e crack
Entre os 7,3% de escolares que usaram drogas ilícitas alguma vez na vida, o consumo atual (nos últimos 30 dias) de maconha foi de 34,5%. Em relação ao total dos escolares, este percentual foi de 2,5%. Os estudantes residentes no Sul apresentaram maior consumo atual de maconha (3,6%). O menor percentual foi observado no Nordeste, 0,9%. Considerando as capitais, Florianópolis foi a que apresentou maior proporção do consumo atual de maconha (10,1%).
Entre os 7,3% de escolares que usaram drogas ilícitas alguma vez na vida, 6,4% usaram crack, alguma vez nos últimos 30 dias, ou 0,5% do conjunto de escolares do 9º ano.
Alguns temas da PeNSE também são investigados em outros países. Segundo a Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (HBSC), 17% dos adolescentes com 15 anos de idade na Europa e América do Norte relataram uso de maconha pelo menos uma vez em suas vidas e 8% pelo menos uma vez nos últimos trinta dias anteriores à pesquisa (consumo recente). Nos Estados Unidos, 30% dos meninos e 26% das meninas fumaram maconha pelo menos uma vez na vida e 16% meninos e 12% das meninas fumaram maconha nos trinta dias que antecederam à pesquisa.

Experimentação de bebidas alcoólicas
A PeNSE 2012 inseriu uma nova questão para medir a experimentação de uma dose de bebida (correspondendo a uma lata de cerveja ou uma taça de vinho ou uma dose de cachaça ou uísque): Alguma vez na vida você tomou uma dose de bebida alcoólica? Assim, o questionário ganhou comparabilidade internacional e o indicador tornou-se mais específico. Responderam que sim 50,3% dos escolares, variando de 56,8% no Sul a 47,3% no Nordeste. A proporção das meninas (51,7%) foi maior que a dos meninos (48,7%).

Consumo atual de bebidas alcoólicas
O consumo atual de bebida alcoólica entre os escolares (consumo nos últimos trinta dias), foi de 26,1% no Brasil e não apresenta diferenças significativas entre os sexos masculino (25,2%) e feminino (26,9%). As capitais com os maiores percentuais de escolares que consumiram bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias foram Porto Alegre (34,6%) e Florianópolis (34,1%) e os menores percentuais foram encontrados em Belém (17,3%) e Fortaleza (17,4%).
Entre os escolares que consumiram bebida alcoólica nos últimos 30 dias, a forma mais comum de obter a bebida foi em festas (39,7%), com amigos (21,8%), ou comprando no mercado, loja, bar ou supermercado (15,6%). Outros 10,2% dos escolares consumiram bebida alcoólica nos últimos 30 dias na própria casa.

Episódio de embriaguez
Cabe ainda ressaltar que 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio de embriaguez na vida. Os da região Sul apresentaram o maior percentual (27,4%) e os do Nordeste o menor (17,3%). A proporção de estudantes com episódio de embriaguez foi maior nas escolas públicas (22,5%) do que as escolas privadas (18,6%).
Com relação ao álcool, 10% dos estudantes relataram ter tido problemas com suas famílias ou amigos, ou faltarem às aulas ou se envolveram em brigas, porque tinham bebido. O percentual de jovens que declararam esses problemas foi maior entre as meninas (10,4%) do que entre os meninos (9,5%).

Cigarro e outros produtos do tabaco
Os dados da PeNSE para as capitais brasileiras, mostraram que o número de escolares que experimentaram cigarro alguma vez na vida, reduziu de 24,2% para 22,3%, entre 2009 e 2012. No entanto, 5,1% dos escolares haviam fumado cigarro nos últimos trinta dias. As cidades com maiores proporções de escolares fumantes no período foram Campo Grande com 12,4% e Florianópolis com 9,7%.

Comparando os dados de 2009 e 2012, o percentual de escolares que fizeram uso de cigarros nos últimos 30 dias manteve-se estável, em torno de 6%. Segundo a PeNSE 2012, 29,8% dos escolares brasileiros que frequentavam o 9º ano, informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante. 89,3% dos escolares estudam em escolas que informaram possuir política sobre proibição do uso do tabaco.

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