terça-feira, 3 de dezembro de 2013

29,9% receberam dinheiro ou drogas em troca de sexo

Se entre os homens o tempo de utilização é mais longo, as mulheres têm maior intensidade e leque de consequências mais amplo. Do total de entrevistadas, 44,5% disseram ter sofrido violência sexual desde que iniciaram o uso do crack. O percentual cai seis vezes entre homens: 7%. Outro dado alarmante é o número de pessoas que recebeu dinheiro ou drogas em troca de sexo: 29,9% das mulheres e 1,3% dos homens.

Para a presidente da Associação Brasileira para Estudo de Álcool e Drogas (Abead), Ana Cecília Marques, os riscos enfrentados na vida sexual de quem utiliza drogas são enormes. “O dependente químico poderá diminuir a noção crítica da realidade. Ele usa a droga, não lembra do preservativo e mantém relações sexuais mesmo assim. Por essa dificuldade de avaliar perigos e realidade, o sujeito estará exposto a uma Doença Sexualmente Transmissível (DST) ou a uma gravidez não programada. Mas devemos lembrar que eles têm situação de alta vulnerabilidade. Provavelmente, sem condição de pensar em situações de contaminação”, diz.

Quase 40% afirmaram não ter usado preservativo em nenhuma das relações sexuais vaginais no mês anterior à entrevista. Para mensurar os danos da dependência química, foram ofertados testes rápidos para HIV e Hepatite C aos entrevistados. Mais da metade deles (53,9%) nunca havia realizado exame para HIV. E, desse número, 5% tiveram diagnóstico positivo.

O secretário nacional de Políticas Anti-Drogas, Vitore Maximiano, classificou o número como “bastante preocupante” e disse que as ações de prevenção devem ser ampliadas. “Na população em geral, o percentual de pessoas com HIV é de 0,6%”. Isso significa que a prevalência da doença entre os usuários de crack é oito vezes maior do que na população geral. (Isabel Costa)

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