terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Em 6 anos, consumo de cigarro cai em 20% no Brasil, mas dobra na classe A

O consumo de cigarro caiu 20% no Brasil, mas dobrou na classe A nos últimos seis anos. A diminuição foi maior entre homens e na população adolescente. Os dados são do II Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas sobre tabaco), realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e divulgado nesta quarta-feira (11). O Brasil tem cerca de 20 milhões de fumantes e estima-se que no País há 70 milhões de fumantes passivos, ou seja, pessoas que não usam cigarro, mas vivem na mesma residência de um tabagista.
De acordo com o levantamento, o consumo caiu de 19,3% em 2006 para 15,6% em 2012. Entre os adolescentes, a redução foi ainda maior (45%), passando de 6,2% para 3,4% no mesmo período. Para o levantamento, a Unifesp entrevistou, em domicílio, 4.607 pessoas de 14 anos ou mais em 149 municípios brasileiros.
O II Lenad também revelou que houve diminuição do tabagismo em todas as classes sociais, com exceção da classe mais privilegiada (A), que registrou um aumento de 110% no período de seis anos, passando de 5,2% para 10,9%. Embora a redução no hábito de fumar tenha sido maior entre os homens (de 27% para 21%), o sexo masculino manteve a primeira posição no ranking de uso do tabaco. Nos últimos seis anos, as mulheres fumantes passaram de 15% para 13%. Para a pesquisadora Clarice Madruga, um dos motivos é hormonal.
— A dependência na mulher é diferente do homem, ou seja, se manifesta de forma mais severa e dificulta o abandono do cigarro.

Entre as regiões, o Sul apresentou a maior queda (23%), mas se manteve na liderança, seguido do Sudeste e Centro-Oeste. Sobre a idade média de início de uso, não houve mudança significativa entre 2006 e 2012, ou seja, se manteve em 16 anos. A média de cigarros consumidos diariamente foi de 12,9 em 2006 para 14,1 em 2012. Para a psiquiatra Ana Cecília Marques, “a política de tratamento está desatualizada”.
— O Brasil está acompanhando a tendência mundial da diminuição do cigarro, mas o tratamento não pode ser baseado apenas no número de cigarros fumados. A política assistencial tem que passar por prevenção primária, morbidades associadas e atuar nos fumantes passivos, já que a fumaça que sai da ponta do cigarro é mais prejudicial do que a tragada.
Em relação ao tratamento, o levantamento mostrou que 90% dos fumantes gostariam de largar o cigarro, mas somente 17% têm planos para executar essa tarefa. Entre os que pararam de fumar, apenas 7,3% fizeram algum tipo de tratamento.
Um dos dados alarmantes, segundo Clarice, é que 21% acham que fumar não é tão prejudicial para a saúde como dizem. 
— Isso mostra uma falta de informação. Por outro lado, a saúde foi o grande motivador dos que conseguiram parar e foram bem-sucedidos.
O levantamento mostrou baixa prevalência de procura por serviços de saúde. Entre as opções de auxílio para abandonar o vício, a procura por familiares e amigos foram as mais citadas. Mais da metade dos adolescentes (62%) reportou não encontrar nenhum problema para comprar cigarros. Entre os fumantes, 55% costumam comprar cigarros em bares sem nenhuma dificuldade. Os entrevistados responderam, ainda, questões sobre álcool  e drogas ilícitas, entre outros.

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