segunda-feira, 29 de maio de 2017

Justiça de São Paulo autoriza busca e apreensão de dependentes químicos.

 Internação compulsória terá que ser autorizada por um juiz caso a caso. Após ação da polícia na Cracolância, usuários foram para praça.
A Justiça autorizou a busca e apreensão de dependentes químicos na região da Cracolândia, em São Paulo, mas neste sábado (27) só foi atendido quem procurou ajuda por vontade própria.
Os técnicos passaram o dia refazendo a fiação elétrica e religando o sistema de telefones que não funcionavam na antiga Cracolândia. Já em torno do novo endereço do crack, a maioria das lojas não abriu.
Quem trabalha ou mora ao redor da Praça Princesa Isabel ficou com medo da situação. Em cinco dias de ocupação, os usuários montaram barracas de lona. E, no meio de muito lixo, eles passam o dia consumindo drogas.
A abordagem dos assistentes sociais e das equipes médicas aos dependentes químicos ainda não mudou. Durante o dia eles foram ao meio da praça e só voltavam com alguém quando a pessoa queria atendimento por vontade própria. 
Na quarta-feira (24), a prefeitura pediu a autorização para fazer internações compulsórias, ou seja, contra a vontade do dependente químico. 
Na quinta (25), a Justiça autorizou que equipes médicas, com a ajuda da Guarda Civil Metropolitana, façam a busca e apreensão de pessoas, maiores de 18 anos.
Depois de exames médicos e psiquiátricos, a internação compulsória ainda terá que ser autorizada por um juiz caso a caso. A medida vale a partir deste sábado (27) e tem duração de 30 dias.
“O paciente que estiver fora de si, ou com uma crise grave de agressividade contra ele próprio ou ao redor, esse vai ser motivo de uma abordagem”, explicou o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara.
O Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana teme que haja abusos.
“O que nós tememos é uma verdadeira caçada humana. Não há como se fazer buscas e apreensões por parte de agentes de saúde e sociais em conjunto com a polícia ou com a Guarda Civil Metropolitana”, disse o conselheiro Ariel de Castro Alves.
A psiquiatra Ana Cecília Marques da Universidade Federal de São Paulo defende a internação compulsória.
“Eu acho que ela serve para poucos indivíduos, mas ela pode ajudar esse indivíduo em particular, são indivíduos que têm muita vulnerabilidade, então, onde o estado perdeu a mão, o indivíduo não adere ao tratamento”, afirmou a psiquiatra Ana Cecília.
Sem o crack tão perto, a vida muda. Quem mora nas ruas onde funcionava a Cracolândia agora se senta na porta de casa.
“Mudou muita coisa, o dia a dia, as crianças agora podem brincar sossegadas e a gente fica mais tranquila”, diz Jaqueline Rodrigues, moradora da região.
Ver crianças brincando, voltando da escolinha pela calçada eram coisas simples que por anos não se via por aqui.

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