No entanto, rede pública não
integra serviços necessários para manter viciado longe das drogas; 106
pacientes foram encaminhados para internação
Desde que começou a operação Centro Legal na
Cracolândia, o número de atendimentos nos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS) da região central de São Paulo aumentou em 50%, informa a Secretaria
Municipal de Saúde. Os CAPS são unidades de portas abertas onde os dependentes
se tratam sem ficarem internados. No caso dos pacientes encaminhados para
internação, foram 106 nos primeiros quinze dias da operação, iniciada em 3 de
janeiro.
A
coordenadora de Saúde Mental do município, Rosangela Elias, explica que a
internação geralmente é indicada para os pacientes que apresentam algum
problema de saúde mental juntamente com a dependência, ou para aqueles em
situação de risco, que não conseguem se afastar das drogas para iniciar um
tratamento. “Os que não apresentam nenhum quadro clínico associado ao vício
podem ser encaminhados para as comunidades terapêuticas conveniadas”, disse.
Segundo
a secretaria, o município oferece atualmente 371 leitos somente para o
tratamento de dependentes químicos, sendo 80 no Serviço de Atenção Integral ao
Dependente (SAID) e 291 em comunidades terapêuticas.
Rosangela
Elias reconhece que a rede de atendimento ainda não é perfeita, mas enfatiza
que a prefeitura tem garantido vagas de internação para todos que procuram
tratamento. Para reforçá-la, a secretaria está credenciando dez residências
terapêuticas próximas aos CAPS, onde os pacientes que não tem emprego nem casa
ficariam por um tempo determinado até conseguir estabilidade para seguir o
tratamento fora das clínicas de internação.
Deficiências – A psiquiatra e pesquisadora da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) Ana Cecilia Marques aponta que em São Paulo ainda há
deficiência de vagas em leitos especializados para atendimento de viciados em
crack, especialmente adolescentes e grávidas. Na sua avaliação, também falta
uma integração entre os serviços de saúde e assistência social, além de haver
poucas ações preventivas.
"Algumas
pessoas não têm casa nem trabalho. Não adianta encaminhar para tratamento no
CAPS sem oferecer recursos sociais mínimos para esses indivíduos", afirma.
A psiquiatra explica que um viciado em crack precisa estar em tratamento
contínuo por, no mínimo, doze meses. Entre os usuários de crack, a necessidade
de internação para deixar o vício é três vezes maior que no caso dos
alcóolatras, por exemplo.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/atendimento-a-dependentes-aumentou-50-apos-operacao
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