O consumo de cigarro caiu 20% no
Brasil, mas dobrou na classe A nos últimos seis anos. A diminuição foi maior
entre homens e na população adolescente. Os dados são do II Lenad (Levantamento
Nacional de Álcool e Drogas sobre tabaco), realizado pela Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo) e divulgado nesta quarta-feira (11). O Brasil tem cerca
de 20 milhões de fumantes e estima-se que no País há 70 milhões de fumantes
passivos, ou seja, pessoas que não usam cigarro, mas vivem na mesma residência
de um tabagista.
De acordo
com o levantamento, o consumo caiu de 19,3% em 2006 para 15,6% em 2012. Entre
os adolescentes, a redução foi ainda maior (45%), passando de 6,2% para 3,4% no
mesmo período. Para o levantamento, a Unifesp entrevistou, em domicílio, 4.607
pessoas de 14 anos ou mais em 149 municípios brasileiros.
O II
Lenad também revelou que houve diminuição do tabagismo em todas as classes
sociais, com exceção da classe mais privilegiada (A), que registrou um aumento
de 110% no período de seis anos, passando de 5,2% para 10,9%. Embora a redução
no hábito de fumar tenha sido maior entre os homens (de 27% para 21%), o sexo
masculino manteve a primeira posição no ranking de uso do tabaco. Nos últimos
seis anos, as mulheres fumantes passaram de 15% para 13%. Para a pesquisadora
Clarice Madruga, um dos motivos é hormonal.
— A
dependência na mulher é diferente do homem, ou seja, se manifesta de forma mais
severa e dificulta o abandono do cigarro.
Entre as
regiões, o Sul apresentou a maior queda (23%), mas se manteve na liderança,
seguido do Sudeste e Centro-Oeste. Sobre a idade média de início de uso, não
houve mudança significativa entre 2006 e 2012, ou seja, se manteve em 16 anos.
A média de cigarros consumidos diariamente foi de 12,9 em 2006 para 14,1 em
2012. Para a psiquiatra Ana Cecília Marques, “a política de tratamento está
desatualizada”.
— O
Brasil está acompanhando a tendência mundial da diminuição do cigarro, mas o
tratamento não pode ser baseado apenas no número de cigarros fumados. A
política assistencial tem que passar por prevenção primária, morbidades
associadas e atuar nos fumantes passivos, já que a fumaça que sai da ponta do
cigarro é mais prejudicial do que a tragada.
Em
relação ao tratamento, o levantamento mostrou que 90% dos fumantes gostariam de
largar o cigarro, mas somente 17% têm planos para executar essa tarefa. Entre
os que pararam de fumar, apenas 7,3% fizeram algum tipo de tratamento.
Um dos
dados alarmantes, segundo Clarice, é que 21% acham que fumar não é tão
prejudicial para a saúde como dizem.
— Isso
mostra uma falta de informação. Por outro lado, a saúde foi o grande motivador
dos que conseguiram parar e foram bem-sucedidos.
O
levantamento mostrou baixa prevalência de procura por serviços de saúde. Entre
as opções de auxílio para abandonar o vício, a procura por familiares e amigos
foram as mais citadas. Mais da metade dos adolescentes (62%) reportou não
encontrar nenhum problema para comprar cigarros. Entre os fumantes, 55%
costumam comprar cigarros em bares sem nenhuma dificuldade. Os entrevistados
responderam, ainda, questões sobre álcool e drogas ilícitas, entre
outros.
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