Poder público tenta, novamente, retirar os moradores da
região. Trezentas
pessoas serão encaminhadas para hotéis.
A
Prefeitura de São Paulo está retirando os moradores que
ocuparam a região conhecida como Cracolândia. Trezentas pessoas serão
encaminhadas para pequenos hotéis e vão ter alimentação, trabalho e estudo,
para, aos poucos, saírem das drogas.
Para a retirada, há pessoas para limpar o local, para
vigiar, para orientar e para cuidar. Com todo esse pessoal, o poder público
tenta, de novo, agir na região e retirar as pessoas de barracas montadas nas
ruas.
O crack fez essas pessoas se submeterem a condições absolutamente desumanas de
vida em barracas, onde colchão, roupas, lixo, restos de comida e objetos
catados na rua se misturam. Há também muita mosca e coisas molhadas por causa
da chuva.
“Das outras vezes, nós éramos tratados todos como
marginais, criminosos. Hoje, somos doentes precisando de uma oportunidade”, diz
uma das moradoras do local.
Os funcionários da Prefeitura vão desmontando os
barracos e acumulando pedaços de madeira, papelão, telha, toda a estrutura que
formava esses barracos. Os moradores só puderam retirar os objetos pessoais,
como roupas.
Os moradores estão indo para hotéis pagos pela
Prefeitura, onde vão ter alimentação, cursos de qualificação e um pequeno
salário para trabalhar em varrição de praças. “Nós temos que ter o tempo dessas
pessoas. Se ela quiser se libertar, liberar ou deixar de consumir a droga, acho
isso muito louvável, e esse é o caminho que indicamos. Agora, se ela tiver uma
condição que ela pode continuar trabalhando e ir se desligando aos poucos da
droga, também é um caminho que aceitamos”, explica o secretário de Saúde de São
Paulo, José de Filippi Júnior.
“Eu acho que é uma medida ingênua, bem intencionada, mas infelizmente, boas
intenções não funcionam em uma situação tão grave como essa. Então, eu não vejo
muita coerência de você promover a reinserção antes de fazer o tratamento”,
opina a psiquiatra Ana Cecília Marques, professora da Unifesp.
Uma das mulheres que estava morando nas ruas e agora
está no hotel fala, sem se identificar, sobre o que quer para o futuro:
“Primeiramente, eu preciso muito de um lar e recuperar meu filho. Eu preciso
sair para ter ele de volta. É a coisa mais importante do mundo”.
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