Se entre os
homens o tempo de utilização é mais longo, as mulheres têm maior intensidade e
leque de consequências mais amplo. Do total de entrevistadas, 44,5% disseram
ter sofrido violência sexual desde que iniciaram o uso do crack. O percentual
cai seis vezes entre homens: 7%. Outro dado alarmante é o número de pessoas que
recebeu dinheiro ou drogas em troca de sexo: 29,9% das mulheres e 1,3% dos
homens.
Para a
presidente da Associação Brasileira para Estudo de Álcool e Drogas (Abead), Ana
Cecília Marques, os riscos enfrentados na vida sexual de quem utiliza drogas
são enormes. “O dependente químico poderá diminuir a noção crítica da
realidade. Ele usa a droga, não lembra do preservativo e mantém relações
sexuais mesmo assim. Por essa dificuldade de avaliar perigos e realidade, o
sujeito estará exposto a uma Doença Sexualmente Transmissível (DST) ou a uma
gravidez não programada. Mas devemos lembrar que eles têm situação de alta
vulnerabilidade. Provavelmente, sem condição de pensar em situações de contaminação”,
diz.
Quase 40% afirmaram não ter usado preservativo em
nenhuma das relações sexuais vaginais no mês anterior à entrevista. Para
mensurar os danos da dependência química, foram ofertados testes rápidos para
HIV e Hepatite C aos entrevistados. Mais da metade deles (53,9%) nunca havia
realizado exame para HIV. E, desse número, 5% tiveram diagnóstico positivo.
O secretário nacional de Políticas Anti-Drogas,
Vitore Maximiano, classificou o número como “bastante preocupante” e disse que
as ações de prevenção devem ser ampliadas. “Na população em geral, o percentual
de pessoas com HIV é de 0,6%”. Isso significa que a prevalência da doença entre
os usuários de crack é oito vezes maior do que na população geral. (Isabel Costa)
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